Relato da equipe Timberland Selva Kailash no Ecomotion Pro 2009 - Adventuremag
por Carlos Eduardo Fonseca (Caco)
Mais uma prova , mais uma missão, pouca perspectiva, pouca organização previa.. isso foi o resumo do Ecomotion Pró 2009 para Equipe Selva. Mas tem um porém, uma vez a missão foi dada para SELVA a missão será cumprida custe o que custar.
A equipe era formada por mim (Caco), João, Marcelinho e primeiramente Rose. Primeiramente pois a Rose sofreu um acidente 2 semanas antes da prova. Ela deslocou o ombro e foi impossibilitada de fazer a prova (problema 1). Com isso, recorremos as outras meninas da equipe e por nossa infelicidade a Sabrina já havia acertado com a equipe do Amaury e então colocamos um reforço argentino na equipe, a Soledad. Equipe formada vamos atrás de dinheiro. O Marcinho deixou sua bike para ser vendida e utilizar o dinheiro na prova.
Problema 2 - nossos dois apoios tiveram problemas profissionais e não puderam ir... fomos atrás de alguém e logo o Netinho se propôs a fazer e uma amiga do Marcelinho também. Tudo certo, passagens de ônibus comprada, carro de apoio montado bem enxuto, pois era uma Fiat Strada e tínhamos que levar tudo lá. O carro de apoio saiu quinta de madrugada com Marcelinho e sua amiga e na quinta mesmo, por volta de 13:00, o Marcelinho me liga dizendo que sua amiga desistiu de fazer o apoio e largou ele em Três Corações com todos equipos mais as bikes e voltou para São Paulo com o carro que era dela (problemão 3). Tive que tomar uma decisão rápida...e vendi minha passagem. A Ursula me ajudou a deixar meu carro em condições para viajar e saí as 4 da madrugada de sexta-feira para resgatar o Marcelinho mais os equipamentos e seguir viagem para Diamantina.
Problema 4 – Ainda antes de viajar na quinta à noite estava conferindo o material e percebi que faltavam 2 polias e liguei para muitos amigos e graças a Deus o Alê Boccia (Goiabada) tinha esse equipamento e foi me encontrar as 4:30 da manhã na marginal Tiete com as polias... obrigado Alê, isso não tem preço...ou poderíamos por o preço nas polias, pois perdi.....brincadeira......
Viagem longa, 11hs depois chegamos em Diamantina... ô região linda... pudemos observar o que seria a prova.... O João e a Sole já haviam chegado e estavam na casa que alugamos... isso vale destacar, era um bairro afastado da cidade, mais humilde, mas as pessoas super bacanas. Fizemos muitas amizades e até eu e o Marcelinho organizamos um passeio ciclístico com as criança da comunidade pelo bairro. Não tinha restaurante, mas o Luiz, dono da casa que alugamos, era chefe de cozinha ... foi lindo... arroz, feijão, galinha caipira, farinha... isso que é suplemento pré prova...comida boa!!!..
Organizamos tudo fizemos checagem, fomos para a abertura da prova e finalmente domingo de manhã vamos para largada que ficavam 250 km de Diamantina... opa!!!!... como vamos (problema 5)? A Strada não cabia 2 apoios mais 4 da equipe... um detalhe que esqueci: o 2º apoio foi cedido pelo Rafa da GoOutside lá em Diamantina... o Bruno é uma ótima pessoa. Foi sua 1ª vez como apoio, caiu de pára-quedas na equipe e vestiu a camisa e fez uma excelente assistência... obrigado Brunão!!!!
Voltando, lá estava a Selva pedindo carona no comboio e por sorte tinha algumas vagas na van da imprensa.
A prova... como foi duro chegar na largada ... confesso que pensei em desistir, mas eu encaro isso com um teste para ver se somos fortes mesmo para cumprir a missão. Agora, depois de tantos imprevistos antes da prova, acabou né!!!! Vamos fazer o que sabemos e treinamos para isso e o principal, apreciar as paisagens que viriam no percurso.
A largada como sempre foi forte e logo na 1ª hora a Sole torceu o tornozelo... ficou um pouco no chão, mas logo levantou e prosseguiu. Fizemos um trekking bom, constante, mas conseguimos assumir a 4ª posição após a canoagem de 60km. Saímos para um trekking de 60 km com muito calor, mas com uma paisagem incrível e finalizamos na 3ª posição colados com os 2º colocados após um corte sem trilha por cima de uma montanha e descemos por um penhasco... Nesse momento pedi para equipe acelerar, pois estava no final da tarde e descer o penhasco à noite não seria um boa idéia e acabou que deu certo e tiramos 30 min da equipe da frente.
Saímos para uma bike e tivemos um contra tempo de 1h com problemas mecânicos na bike da Sole e o João e Marcelinho conseguiram sanar o problemas para prosseguirmos na competição. Chegamos no próximo PC em 2º. A equipe na frente deve ter parado para descansar, pois era a 2ª noite de competição. Optamos pelo caminho mais longo e com menos dificuldade e ainda paramos para dormir 30 minutos e quando chegamos na bifurcação do caminho mais curto encontramos com a equipe do Camp. Ficamos na dúvida em qual seria o melhor caminho, pois eles pararam também para descansar.
Terminamos a Bike de mais ou menos 60 km com bastante subida (na verdade não lembro das descidas parece que só subiu!!!!!). Saímos para um trekking curto, porém com navegação... a Lontra entrou à noite, sofreu para sair e perdeu um tempo nesse trecho. Entramos entramos cedo e passamos fácil, mas o sol estava castigando. Terminamos o trekking e partimos para uma bike de 55 km com uma parte de singletrack maravilhosa para quem gosta... 3 km antes do single a Sole sofreu uma queda espetacular (problema 6), mas se fosse na ginástica artística ganharia 10,0 pelo mortal duplo carpado e com um detalhe: com a bike. Logo pensei: acabou a prova, chama o resgate, mas a Argentina foi casca grossa. Fiz os curativos, ela levantou e falou alguma coisa que não entendi... já que não sabia o que ela estava falando, concordei... si, si, si... vamos para frente...
Daí para frente começou a saga Selva. Ela ficou com medo dos downhills, totalmente compreensível depois daquela performance artística.... Terminamos a bike e fomos ultrapassado pela equipe de Paul Romero no final e partimos para um trekking longo e com muito mais subida... essa foi a parte triste da prova... tínhamos muito sono, paramos para dormir 5 minutos e ficamos 2:30h... erro imperdoável, mas eu acho que tinha um propósito: chegamos no cume da montanha de 2000 metros de altitude ao nascer do sol... isso vamos guardar em nossas memórias. No final da escalada a Sole já apresentava muito cansaço e muitas dores na lombar e o pé bem avariado... dormimos mais 4h00 no topo - obrigatórias - e partimos para segunda parte do trekking ...ajudando a Sole.
Terminamos o trekkinng, mas a Sole já estava em uma situação ruim e teríamos uma bike de 50 km dura... nessa bike fizemos um ótimo trabalho em equipe, pois praticamente arrastamos a Sole, destacando a força de Marcelinho e a disposição de João em colocar a equipe para frente.
Chegamos no PC 19 às 5 da manhã de quinta-feira e a Sole estava debilitada. Ficamos muito tempo na transição, sendo ultrapassados pela equipe dos Espanhóis e a TrotaMundo (gostaria de parabenizar a equipe pela excelente prova e agradecer seu apoio, o Flavinho, que tanto ajudou a Selva nas transições e o Darcio, que se mostrou super prestativo nas nossas transições... somos eternamente gratos... isso já valeu a prova).
Saimos então para um trekking curto de 1 km para fazer o rapel e em sua base tínhamos que dormir mais 2 horas obrigatórias, completando assim as 8 horas de sono estabelecida pela organização . Descansamos e voltamos para o mesmo PC 19 que agora era o PC 21, transição para a bike. Depois de mais um tempo na transição, saímos de bike com a Sole avariada em um trecho técnico com subidas que precisava carregar a bike... fizemos um força mútua e completamos o trecho e partimos para uma canoagem de 30 km no rio Jequitinhonha com algumas corredeiras tranqüilas, pois o volume da água estava baixo.
Deus olhou lá de cima. e falou "caramba essa equipe é carne de pescoço mesmo, estão levando a menina já a quase 200 km...vou testar eles mais um pouco!". O todo poderoso aqueceu mais um pouco o sol e BUMMMM!!! o duck (barco infernal) explodiu!!!! Só faltavam 25 km mesmo, Deus, eu adoro remar duck furado mesmo!!!! Nossa sorte foi que encontramos um Anjo da organização em uma das portagem e ele foi buscar outro duck de moto para continuarmos descendo o rio.
Terminamos e o Netinho esperava a gente na saída do rio com uma carrinhola de construção para levarmos a Sole até a transição. Fizemos a transição e partimos para um trekking de 19 km carregando a Sole em uma rede improvisada pelo Netinho para carregar feridos de guerra... subimos o caminho real e logo chegamos na ultima transição para pegar a bike e partir para os últimos 15 km de muita subida até a chegada....
Finalizamos a prova em 4 dias e 8 horas com 11hs de sono na 6ª posição e o mais importante, com 2 aprendizados inesquecíveis: 1) a equipe tem um força incrível se trabalhar junta; 2) Problemas vão sempre aparecer nas nossas vidas, como você encara isso que é o grande segredo.
Essa prova foi especial no sentido de conhecer a Soledad, uma atleta muito forte por suportar a situação que chegou sem desistir, sem chorar, sem reclamar e nós sem entender o que ela falava!!!! Será que ela pediu para parar e agente não entendeu!!!! Bricandeiras a parte, ela está de PARABÉNS! muito guerreira. A outra parte importante são os amigos, alunos e familiares, que torceram muito mandando recados telefonemas ..isso é a nossa motivação maior nessas competição.
Agradecemos
- Timberland pela inscrição da prova;
- Kailash pelos equipamentos fornecidos para competimos;
- Probiótica pela toda suplementação da equipe;
- Ciclocaravelle e Djalma que apoio nas revisões das bikes antes e durante a prova;
- Ao restante da equipe Selva, principalmente a Ursula e o Alã, que foram os principais motivadores, apoiadores e incentivadores para a equipe alinhar para a largada;
- Ao apoio das equipes: Trotamundo, Life Guard, Lontra...pela força nas transições;
- Ao Alê Boccia pelo doação das polias (que perdi) e de ter levado de madrugada na sexta na marginal;
Obrigado à todos
INFANTARIA!!!SELVA!!!!
Caco Fonseca
Timberland Selva Kailash